Trap: Origem, evolução e impacto global

Trap: Origem, evolução e impacto global
Foto: Neima Abdulahi (11Alive), Meredith Sheldon (11Alive)

Introdução

O Trap é um estilo musical derivado do rap que emergiu nos anos 1990 no sul dos Estados Unidos, particularmente em Atlanta, Geórgia. O termo “Trap” refere-se a casas ou locais em bairros de baixa renda, conhecidos por atividades relacionadas ao tráfico de drogas. Inicialmente, o Trap era uma forma de expressar as dificuldades de vida nessas comunidades, especialmente nas áreas urbanas pobres. Com o tempo, esse gênero musical não só evoluiu, mas também se tornou um dos gêneros mais influentes na música popular global.

Desde seu surgimento, o Trap tem cativado ouvintes em todo o mundo. Portanto, neste artigo, exploraremos a origem do Trap, suas características sonoras, os principais expoentes e como o gênero se globalizou.

Origens do Trap

O Trap origina-se do rap produzido no sul dos Estados Unidos. Em particular, cidades como Atlanta, Memphis e Houston desempenharam papéis cruciais no desenvolvimento desse subgênero. No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, essas cidades começaram a criar um estilo de rap único, focado em temas relacionados ao submundo do crime e atividades ilegais, como o tráfico de drogas. Consequentemente, o Trap começou a se distinguir de outros subgêneros do rap.

  • Atlanta, Geórgia: A cidade de Atlanta, por exemplo, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do Trap. Ela é amplamente reconhecida como o berço do subgênero devido à proliferação de artistas e produtores que emergiram da cidade no início dos anos 2000. Dessa forma, Atlanta emergiu como o centro principal da inovação no Trap.
  • Influência do Dirty South: Além disso, o Trap se desenvolveu dentro da cena do rap do “Dirty South”. Este estilo já dominava o sul dos Estados Unidos com artistas como OutKast, Goodie Mob e Three 6 Mafia. Portanto, o Trap incorporou elementos dessas influências, caracterizando-se por batidas pesadas e letras que abordam a vida nas ruas e as dificuldades enfrentadas pelas comunidades marginalizadas.
  • Pioneiros do Trap: Artistas como T.I., Gucci Mane e Young Jeezy foram pioneiros no trap. Em 2003, T.I. lançou seu álbum “Trap Muzik”, que muitos consideram um marco inicial na formalização do gênero. Young Jeezy e Gucci Mane também tiveram papéis fundamentais na popularização do Trap, contribuindo com suas próprias perspectivas e estilos únicos. Portanto, esses artistas ajudaram a definir o som do Trap.
Atlanta, Geórgia
Atlanta, Geórgia – Foto: Sean Pavone Alamy Stock Photo

Características musicais do trap

O Trap se distingue de outros subgêneros do rap por suas características sonoras específicas e temáticas líricas que refletem a realidade das áreas pobres e dominadas pelo tráfico de drogas. Primeiramente, as principais características do Trap incluem:

  • Batidas pesadas de 808s: O Trap é conhecido, por exemplo, pelo uso extensivo da caixa de ritmos Roland TR-808. Essa caixa gera graves profundos e batidas marcantes, o que é fundamental para criar a base musical característica do subgênero. Portanto, a presença dos 808s é uma assinatura inconfundível do Trap.
  • Hi-hats rápidos e sincopados: Além disso, o Trap se distingue pelo uso de hi-hats rápidos, geralmente em padrões de 16 ou 32 batidas por compasso, com trilos frequentes. Esses hi-hats contribuem para a sensação de velocidade e tensão nas músicas, criando um ritmo que mantém o ouvinte engajado.
  • Sintetizadores atmosféricos: O uso de sintetizadores é outra marca registrada do Trap. Eles podem variar de sons melódicos e sombrios a efeitos mais ambientais, criando uma atmosfera intensa e, muitas vezes, futurista. Consequentemente, o Trap frequentemente tem uma qualidade etérea e imersiva.
  • Temática lírica: As letras do Trap frequentemente abordam temas como o tráfico de drogas, a violência, o estilo de vida nas “traps” e a luta pela sobrevivência em ambientes urbanos empobrecidos. Portanto, esses temas refletem diretamente as condições sociais nas quais o gênero se originou e ajudam a contar a história das comunidades representadas.
  • Auto-Tune e efeitos vocais: O uso de Auto-Tune é uma característica proeminente no Trap. Artistas como Future e Travis Scott utilizam Auto-Tune de maneira criativa, transformando sua voz em uma ferramenta melódica. Esse efeito não apenas contribui para um som único, mas também oferece uma camada emocional à música.

A Evolução do trap

Primeira fase: 2000-2007

A primeira fase do Trap pode ser rastreada até os primeiros anos do século XXI. Durante esse período, o gênero ainda estava em seus estágios iniciais, restrito principalmente ao cenário musical de Atlanta. Artistas como T.I., Young Jeezy e Gucci Mane foram os principais responsáveis por trazer o gênero à atenção nacional nos Estados Unidos. Portanto, a popularização inicial do Trap ocorreu principalmente através desses pioneiros.

T.I. e Jeezy
T.I. e Jeezy – Foto: Scott Gries/Getty Images for Universal Music
  • T.I. – “Trap Muzik” (2003): Este álbum, por exemplo, é amplamente considerado um dos primeiros marcos do Trap. O álbum trata diretamente do tráfico de drogas e da vida nas ruas de Atlanta. A faixa-título, “Trap Muzik”, define o gênero com suas batidas pesadas de 808s e suas letras sobre o cotidiano nas “traps”. Portanto, este álbum foi fundamental para o reconhecimento do Trap.
  • Young Jeezy – “Let’s Get It: Thug Motivation 101” (2005): Outro marco importante, este álbum solidificou Young Jeezy como uma das principais figuras do Trap. Com sucessos como “Soul Survivor” e “And Then What”, o álbum reflete a estética e as temáticas do Trap, abordando o tráfico de drogas e a luta pela ascensão social. Assim, Young Jeezy ajudou a estabelecer o Trap como um gênero dominante.
  • Gucci Mane – “Trap House” (2005): O álbum de estreia de Gucci Mane ajudou a definir a estética e o som do Trap. Com batidas de Trap clássicas e letras que descrevem a vida no tráfico, Gucci Mane se tornaria uma figura central na cena de Atlanta. Portanto, esse álbum é um exemplo claro do estilo e dos temas que caracterizam o Trap.

Segunda fase: 2008-2013

Na segunda fase, o Trap começou a se expandir além de Atlanta e do sul dos Estados Unidos. Durante esse período, o gênero começou a ganhar reconhecimento em outras partes do país, à medida que novos artistas e produtores começaram a experimentar o estilo. Por isso, essa fase é marcada pela disseminação e inovação dentro do gênero.

  • Lex Luger: O produtor Lex Luger, por exemplo, foi um dos responsáveis pela difusão do Trap no mainstream. Sua produção em músicas como “B.M.F.” de Rick Ross e “Hard in da Paint” de Waka Flocka Flame apresentou o estilo Trap para um público mais amplo. Portanto, o uso intensivo de 808s, hi-hats rápidos e sintetizadores se tornou uma assinatura de suas produções.
  • Waka Flocka Flame – “Flockaveli” (2010): Este álbum foi produzido em grande parte por Lex Luger e é um dos álbuns mais influentes dessa fase do Trap. Faixas como “Hard in da Paint” e “Grove St. Party” são exemplos evidentes do estilo intenso e contundente que o Trap desenvolveu durante esse período. Assim, Waka Flocka Flame desempenhou um papel crucial na definição do Trap moderno.
Waka Flocka Flame
Waka Flocka Flame – Foto: Melissa Ruggieri

Terceira Fase: 2014 em diante

A terceira fase marca a ascensão do Trap como o principal subgênero do rap, tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. Durante esse período, artistas como Future, Migos, Travis Scott e Young Thug levaram o Trap ao mainstream global. Assim, essa fase é marcada pela expansão global e pelo crescente reconhecimento do Trap.

  • Future – “DS2” (2015): Future emergiu como uma das maiores estrelas do Trap na metade da década de 2010. Seu álbum “DS2” foi um enorme sucesso comercial e ajudou a consolidar o estilo emocional e introspectivo do Trap, com faixas como “Fuck Up Some Commas” e “Where Ya At”. Além disso, Future é conhecido por usar Auto-Tune de maneira criativa, transformando sua voz em uma ferramenta melódica.
  • Migos – “Culture” (2017): O grupo Migos teve um impacto massivo no Trap com seu álbum “Culture”, que incluía sucessos como “Bad and Boujee” e “T-Shirt”. O grupo é amplamente creditado por popularizar o “triplet flow”, um estilo de rap com cadência rápida que se tornou uma assinatura do gênero. Portanto, o álbum “Culture” desempenhou um papel crucial na popularização do Trap no mainstream.
  • Travis Scott – “Astroworld” (2018): “Astroworld” foi amplamente aclamado pela crítica e se tornou um sucesso comercial. Travis Scott é reconhecido por criar produções atmosféricas e por suas apresentações ao vivo vibrantes. O álbum apresentou uma fusão de Trap com influências de rock psicodélico e pop, expandindo ainda mais as fronteiras do gênero. Dessa forma, Travis Scott contribuiu para que o Trap explorasse novas direções criativas.
Migos
Migos – Foto: Prince Williams/WireImage

Conclusão

O Trap, que começou como uma forma de expressão das condições de vida nas comunidades urbanas de Atlanta, evoluiu para um fenômeno global que continua a influenciar a música popular em todo o mundo. Suas características sonoras, como o uso de 808s, hi-hats rápidos e sintetizadores sombrios, tornaram-se parte fundamental da música contemporânea. Assim, o Trap estabeleceu-se como um dos gêneros mais importantes da atualidade.

Desde sua origem nas “traps” até sua expansão para as paradas de sucesso internacionais, o Trap se consolidou como um dos gêneros mais importantes e influentes do século XXI. Com sua capacidade de se adaptar e evoluir, o Trap continuará a desempenhar um papel significativo na música popular global, refletindo e influenciando as experiências e culturas ao redor do mundo.